A Páscoa das Mulheres: O Eterno Feminino de Deus na Ressurreição

MISTÉRIOS DA SEMANA SANTA

Nos dias que antecedem a Semana Santa e a Páscoa, nossa Consciência é inspirada a refletir sobre a vida e a Via Crúcis do Mestre Jeshuá Ben Pandirá (Jesus), que cumpriu, em carne e osso, passando por dolorosas provas, sua Grande Obra Divinal e Cósmica por amor à humanidade. O Divino Salvador encarnou neste mundo para que seguíssemos seu exemplo nos mostrando a Senda que conduz à Via da Perfeição. Todos podem também percorrê-la por si mesmos, assim como Ele mesmo disse “Se alguém quiser vir atrás de mim, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga”.

O ETERNO FEMININO DE DEUS NA VIDA DE JESUS

Entretanto, muitas vezes algumas interpretações dos Evangelhos e escrituras religiosas insistem em enfatizar o aspecto imperfeito do feminino, imputando a mulheres sérias e honestas acusações de prostitutas, ladras ou outras. Tais julgamentos têm causa no adormecimento de nossa Consciência, visto que ninguém é puro ou santo o bastante para julgar o outro, independentemente de sexo, raça ou religião.

Com um pouco de Consciência desperta, é possível reconhecer-se que toda mulher traz em si a representação do Eterno Feminino. Assim, as próprias mulheres devem reconhecer sua Santa Predestinação de gerar filhos de sabedoria (usando sabiamente a sexualidade sagrada), de regenerar e transformar o homem (apoiando-o em seu caminho iniciático) e de educar a humanidade com sua força exemplar.

Na vida de Jesus, foi notável e essencial a participação das chamadas mulheres sagradas, tanto nos eventos públicos do Salvador, quando ele realizou prodígios e demonstrou que era um Ser Divino, quanto em sua vida oculta e não descrita nos Evangelhos, que compreende o período em que passou com os iniciados da época trabalhando sobre Si Mesmo nos Três Fatores de Revolução da Consciência (Morrer nos defeitos, Nascer pela Sexualidade Sagrada e Servir a Humanidade). Diga-se que não há uma só passagem na história do Salvador em que se leiam relatos de violência ou agressividade partindo de mulheres.

As personagens citadas nos 4 Evangelhos mais conhecidas são mães com filhos doentes ou moribundos, esposas, filhas, irmãs, mulheres que se curam ao tocarem no Salvador. Na Via Crúcis, dividida através das 14 estações, verifica-se continuamente a presença das mulheres como representação do amor, da compaixão e do zelo para com Jesus.

A Cruz, como símbolo cosmogônico, representa o Microcosmo e o Macrocosmo, o infinitamente pequeno e o infinitamente grande em todas as criações Divinas. O homem Jesus carregando a cruz pelas ruas de Jerusalém vai se encontrando com as Santas Mulheres: Maria mãe, Maria Madalena, Maria de Bethania e sua irmã Marta, juntamente com a mãe dos apóstolos João e Tiago, chamada Maria Salomé, acompanhados ainda por Maria de Cleofas, a tia de Jesus, Verônica de Eleazer e Cláudia esposa de Pilatos. Oito Grandes Mulheres que acompanharam e apoiaram Jesus em suas provações e vitórias. Maria Mãe, Maria Madalena, Marta e Salomé são também discípulas citadas e atuantes em Pistis Sophia, o livro sagrado dos gnósticos.

As mulheres que seguiam Jesus eram referidas pela palavra grega “diakonein” que significa “servir”, “ministrar”, “ensinar”. O Mestre Jesus conversava diretamente com as mulheres, também respondendo às suas perguntas e inquietudes, doutrinando-as nos conhecimentos sagrados e deixando que o tocassem mulheres consideradas impuras pelos judeus.

CLÁUDIA – ESPOSA DE PILATOS

Na primeira estação, por exemplo, quando Jesus estava sendo julgado por Pilatos no Pretório, Cláudia, esposa de Pilatos, que pertencia ao seleto grupo de 72 discípulos de Jesus, age em defesa do Grande Mestre dizendo “Não te envolvas com esse justo, pois durante a noite sofri muito por sua causa”, pedindo ao marido que ajudasse ao Nazareno. Com isso, ela representa a chance de tomada de Consciência antes do sacrifício do Cristo. Muitas vezes, nossa Mãe Divina nos orienta em sonhos e em mensagens para a Consciência, mas não sabemos interpretá-los. Assim o fez Pôncio Pilatos, representando a mente do homem que, mesmo com os melhores conceitos e propósitos, não é capaz de compreender o Cristo. E é assim que a mente acaba vencida pelo Ego, infelizmente, lavando as mãos. Cláudia representa também a virtude da responsabilidade, pois não se calou quando viu as injustiças que eram armadas contra o Cristo, clamando por Justiça em defesa de seu Mestre.

VERÔNICA – A VONTADE-CRISTO

Verônica, outra personagem feminina na Via Crúcis, grande discípula do Rabi da Galiléia, aparece na sexta estação da cruz: acompanhando o martírio do Mestre ao Calvário. Vai comovida até ele e enxuga o suor e sangue do Salvador com seu véu. Naquele ato de Amor Universal e profunda entrega à humanidade do Cristo Jesus, seus átomos solares de altíssima voltagem impregnaram o pano deixando nele marcada a face de Jesus e acumulando poderes de cura. Essa passagem representa um altíssimo grau de iniciação, a 5ª Iniciação Venusta, a Cristificação da Alma Humana, o Corpo da Vontade Consciente. O Divino rosto do Cristo com a coroa de espinhos é o símbolo do sacrifício total à humanidade doente que somente ocorre com a Vontade-Cristo. Nas palavras de Samael Aun Weor, “No mundo da Vontade, todos os iniciados carregam sua Cruz”.

PROCISSÃO DE COMPASSIVAS

Seguindo a Via-crúcis, os evangelhos narram que “seguia-O a grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos, e O lamentavam. Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!”. A multidão de mulheres nessa passagem nos remete à virtude da compaixão, mostrando que a natureza feminina na sua origem divina se horroriza com a injustiça, a violência, a traição. A Grande Mãe do Mundo é a representação de todas as mães de cada criatura. A multidão de mulheres representa a própria Grande Mãe sofrendo por seu Filho. Mas o Mestre as alerta que estava em sacrifício por seus próprios filhos.

MARIA – MÃE DO FILHO DE DEUS

Toca-nos profundamente o coração o momento em que Jesus, a caminho do Gólgota, encontra Sua Mãe. Mulher singela de pequena estatura, corpo magro, rosto pequeno e ovalado, olhos ciganos, vestida com túnica velha de cor marrom e sandálias de couro. Como o Mestre Cristificado Samael Aun Weor a descreve em seu livro A Virgem do Carmo, “não é Maria aquela estátua púrpura de diamantes que hoje adorna a catedral de Notre-Dame de Paris; não é Maria aquela estátua cujos dedos de arminho, engastados em puro ouro, alegra as procissões da casa paroquial; não é Maria aquela verdade inesquecível que, desde meninos, contemplamos sobre os suntuosos altares das nossas igrejas do povo, cujos sinos metálicos alegram os mercados de nossas paróquias.” Maria era na realidade uma pródiga humilde, uma singela mulher de carne e osso. Desde muito menina, Maria fez voto de castidade no templo de Jerusalém. Seu coração só amava a Deus. E assim Serviu, sendo a mãe do Salvador, sempre o apoiando, o ajudando em seu caminho e sofrendo passo a passo a via dolorosa do filho, apoiando ainda os 12 apóstolos. Nossa Senhora das Dores, com as adagas no coração, bem representa a via dolorosa da mãe do Salvador Salvandus. É sublime a sabedoria que pode advir da meditação nas sete dores de Maria. Como é bela a imagem da virgem grávida do menino Salvador… O que dizer da imagem retratada e pintada por artistas de Maria com sua prima Isabel, ambas grávidas de dois grandes mestres da Loja Branca: Jesus de Nazaré e João Batista!

MARIA MADALENA – ESPOSA CONSORTE DO CRISTO

Maria Madalena, discípula, esposa e companheira de Jesus, teve sua imagem transformada através dos anos como mulher pecadora, velando o verdadeiro significado de sua presença na vida e Obra do Grande Mestre, sendo até adulterado o significado de seu papel para um segundo plano em algumas tradições cristãs. No profundo conhecimento esotérico, Maria Madalena traz a mensagem de que a purificação e libertação da alma caída do Pleroma, nossa Pistis Sophia, é possível através do amor. Maria Madalena não é “nascida Virgem” mas sim “se torna Virgem”. O Cristo pode nascer de toda alma que se purifique e que se torne Virgem. Sob esse aspecto Maria Madalena é a Mãe do Cristo, Irmã do Cristo e a Noiva do Cristo. Um belíssimo paralelo com a Ísis egípcia, que era mãe-irmã-esposa-filha de Osíris. Maria de Magdala é aquela que o Mestre “ama diferente”. Em Pistis Sophia é evidente a adoração e resignação de Maria Madalena ao Cristo Jesus. Sempre interessada, curiosa, respeitosa e profundamente conhecedora dos Grandes Mistérios. Um exemplo de sua Consciência no processo da Paixão de Cristo está nos 4 evangelhos. Quando Jesus ressurrecto aparece a Maria Madalena, ela exclama “Rabbuni!!! “, de forma solene reconhecendo que ali não era Jeshuá Ben Pandirá com quem ela falava, mas sim com a própria encarnação do Filho de Deus.

O JESHUÁ E A MAGDALA INTERIORES

O homem necessita de uma Maria Madalena para trabalhar na Nona Esfera (o Sexo Sagrado) e conseguir a ressurreição. De forma análoga, a mulher precisa amar profundamente um bendito homem que a leve também à Cristificação (Virginização). É por isso que em Pistis Sophia o Mestre Jesus diz a Madalena: ”Maria, bendita és, a quem aperfeiçoei em todos os mistérios do alto, fala abertamente porque teu coração é elevado ao reino dos céus mais que todos os teus semelhantes” e posteriormente Ele diz “Bem dito Maria, porque tu és bendita entre todas as mulheres da Terra e porque serás a plenitude de todas as plenitudes e a perfeição de todas as perfeições”.

E ao desvelar esses misteriosos e sagrados véus, Samael Aun Weor complementa.: “Na catedral da Alma, há mais alegria por um pecador que se arrepende que por mil justos que não necessitam de arrependimento.”

Portanto, queridas irmãs de corpo feminino, tomemos consciência que os Mistérios da Semana Santa vibram no coração da Mãe Espaço (a Galáxia), para a Ressurreição de todos os Sois; cintilam no coração de todas as Deusas (como Maria Mãe, Maria Madalena, Ísis, Astarté), para a Ressurreição de seus Filhos Salvadores; e luminescem amorosamente também no coração de cada mulher de Boa Vontade, para – com nossos esposos-oficiantes-do-amor, conquistarmos a Ressurreição do Cristo Íntimo que jaz no sepulcro de nossas almas.

Benditas sejam as Santas Mulheres que Ressuscitam seus Santos Homens!

 

Alessandra Espineli Sant’Anna é engenheira e instrutora da AGB

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